sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Em Taboão, mais um capítulo da onda homofóbica

Um grupo de quatro lésbicas que lanchavam em um McDonald’s no Centro de Taboão da Serra, no início da madrugada de segunda-feira, 10, foi alvo da crescente onda de violência contra homossexuais na Grande São Paulo.

Dois homens e uma mulher entraram na lanchonete e, sem motivo aparente, começaram a agredir e xingar as vítimas de “sapatão”. Quando os agressores fugiram, elas foram atendidas em um pronto socorro próximo e liberadas em seguida.

A artesã Patrícia Odinéia Garcia, de 32 anos, foi uma das agredidas. Teve escoriações no rosto e um dedo quebrado. E o trauma emocional é grande. “Nunca imaginei passar por isso, estou muito nervosa. Não durmo direito, passo mal”, disse Patrícia, chorando, por telefone, ao Visão Oeste na quarta-feira, 12.

Uma das testemunhas anotou a placa do carro dos agressores, que devem ser indiciados por lesão corporal. A Polícia Civil identificou suspeitos.


Falta lei, sobra indignação


Um projeto de lei que configura a prática da homofobia como crime no país tramita no Congresso, mas a pressão da bancada evangélica tem bloqueado a proposta.

Na quinta-feira, 13, a ONG taboanense Diversitas realizou manifestação contra a discriminação em frente ao McDonald’s onde ocorreu a agressão. “Nossa sensação é de medo, indignação. Essa onda de violência homofóbica é inaceitável”, afirma o presidente da Diversitas, Wanderley Bressan.

“Até onde vai chegar essa onda de ataques sem que haja medidas sérias do poder público para combatê-las?”, questiona.

Ataques
A onda de ataques a homossexuais nos últimos meses começou na avenida Paulista e arredores, em São Paulo. Foram pelo menos seis ataques, com oito vítimas.

Em 2009, uma bomba feriu 13 pessoas após a Parada Gay da capital. Em setembro, dois jovens de um grupo neonazista foram condenados a dois anos de prisão pelo crime.

Segundo dados do Grupo Gay da Bahia, a cada dois dias um homossexual é assassinado por razões homofóbicas.

“Também há a agressão moral. No trabalho, uma senhora disse que não queria ser atendida por mim, que lugar de homossexual é na Praça da Sé”, lembra Bressan.

A Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLBT) cobra maior atuação do estado.

 

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