quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Game gay, novelas e 'reality show' se rendem à temática homossexual‎


Programa podem ajudar o público a deixar o preconceito de lado

POR TATIANA AVILEZ
Rio - A temática homossexual chega à TV com força total em 2011. Novelas, programas, ‘reality show’, todos foram invadidos por este universo. Assunto antes abordado apenas de forma leve em alguns folhetins, e que chegou a ser rejeitado em ‘Torre de Babel’ (1998) — com duas personagens lésbicas mortas porque o público não queria ver este tipo de discussão em pleno horário nobre —, o tema agora virou tendência.

Na próxima terça-feira, 1º de fevereiro, estreia o primeiro game gay na Globo, o ‘Gay Me’, quadro de ‘Amor & Sexo’, com apresentação de Mauricio Branco, que volta à TV depois de 10 anos. “Quando aceitei fazer o programa, a primeira coisa que me veio à cabeça foi a possibilidade de abrir mais a mente do público e acredito que esse movimento só vem a contribuir”, afirma o ator.
Fotos: Divulgação
Dos oito programas comandados por Fernanda Lima a serem exibidos, o jogo estará em três, e o foco é a homossexualidade masculina. Em cada módulo do ‘Gay Me’, três participantes disputarão um prêmio. “Na primeira temporada não sabíamos até onde poderíamos ir, acabamos sentindo falta de ter o assunto em pauta e a melhor forma que encontramos para abordar foi através deste game que terá duração de 20 minutos, quase o programa inteiro, e um cenário próprio”, explica o diretor Ricardo Waddington.

A TV gay brasileira está tão em voga que virou até manchete do jornal inglês ‘The Guardian’, intitulada ‘Brasil espera o beijo gay’, sobre a novela ‘Insensato Coração’. Ao que tudo indica, os brasileiros continuarão esperando. Nem na novela das 21h, onde seispersonagens são gays — do mais caricato ao homofóbico que renega a sua condição — isso deve acontecer. 

Segundo Ricardo Linhares, um dos autores da trama, a proposta não é levantar bandeiras. “Os personagens refletem a diversidade que existe na nossa sociedade. O foco não é falar de discriminação. Não que ela não exista na vida real, mas prefiro fazer uma ação afirmativa, mostrando integração e respeito à diversidade”, afirma. Leonardo Miggiorin que interpreta Roni, um gay mais expansivo, acha que existe uma cultura de rir desses personagens. “O intuito é divertir as pessoas, mas o assunto acaba entrando em suas casas. Acho que o preconceito está começando a ser quebrado”, acredita o ator.

Outra trama que aborda a temática é ‘Ti-ti-ti’. André Arteche, intérprete de Julinho, começou namorando Osmar (Gustavo Leão) e será a nova paixão de Thales (Armando Babaioff), que é casado com Jaqueline (Claudia Raia) e viverá uma vida dupla.

Até mesmo no ‘Big Brother Brasil’ o tema bateu recorde. Outras edições já tiveram participantes homossexuais, incluindo o vencedor do ‘BBB 5’, o agora deputado federal Jean Wyllys, mas no ‘BBB 11’ são quatro candidatos ‘assumidos’: Daniel, Diana, Lucival e a transexual Ariadna, que foi tirada da casa na primeira semana.

Mesmo com tanto destaque, há quem acredite que o preconceito ainda está aí. “Temos a maior parada gay do mundo e somos o país mais intolerante. Festejamos em público e matamos no privado. Me sinto contribuindo para minimizar essa intolerância”, diz Rafael Dragaud, roteirista de ‘Amor & Sexo’.

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